No dia 13 de março de 2023, a pesquisadora do INB, Júlia Albergaria, conversou com a Clara sobre as leituras que mais impactaram sua vida.
Pelo que me lembro, eu não era uma criança que lia muito. Foi só na pré-adolescência que encontrei um livro marcante e divertido: a série do Harry Potter. Meus pais sempre tiveram o hábito de ler muito e me incentivaram a adotar esse hábito na minha rotina. Apesar disso, foram apenas os livros do Harry Potter que me fizeram gostar de ler.
Mais tarde, quando já estava um pouco mais velha, comecei a gostar de Jane Austen, especialmente Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade. Gostei dessas obras porque, além de ser muito interessante a forma como a autora descreveu a vida em uma época dominada por homens, era focado na história de mulheres.
No colégio
Durante a época do colégio, me deparei com um livro que amo até hoje: Os Miseráveis‘. Sou um pouco nostálgica e recentemente assisti ao musical e me apaixonei pela história mais uma vez. Achei esse livro muito interessante porque apresenta, no contexto pós-Revolução Francesa, a história de diversos personagens cujas vidas são marcadas pela desigualdade e pela miséria. Do meu ponto de vista, o autor faz isso de forma muito emocionante.
Ao fazer um paralelo com a minha pesquisa de pós-graduação, percebo que Os Miseráveis trata de um momento histórico muito específico, mas infelizmente ainda bastante atual, pois lida com as revoluções liberais após o regime monárquico. Entendo que para uma revolução ser verdadeiramente motivadora, ela precisa ser acompanhada de um olhar muito sensível e humano para os mais vulneráveis. Isso precisa ser feito até hoje, como na área da inteligência artificial e na revolução tecnológica que vivemos no nosso dia a dia. Para que essa revolução seja realmente libertadora, é preciso que, em todas as fases da sua implementação, desde o desenvolvimento até a aplicação, exista uma preocupação com o impacto na vida das pessoas.
Na graduação
Quando estava na graduação, outra leitura que me marcou foi O Caçador de Pipas, do escritor afegão Khaled Hosseini. Nesta obra, ele apresenta um contexto histórico muito difícil, ao mesmo tempo que os personagens são retratados de forma emocionante, o que faz com que o leitor se apaixone pela história.
Ao longo dos anos, encontrei outras histórias que me impactaram. Mas no início da pandemia da COVID-19, li Ideias para adiar o fim do mundo, escrito por Ailton Krenak. O título era bastante apropriado para a época e gostei bastante da sua forma ensaística, que apresenta reflexões do autor, incluindo textos de palestras. Ele é direto e nos tira da zona de conforto ao criticar conceitos estabelecidos como humanidade, desenvolvimento sustentável e natureza, que nem sempre são abordados com uma visão antropocêntrica. O autor defende que a ausência dessa visão causa o desastre socioambiental, partindo do pressuposto de que o ser humano é o centro e possui uma certa superioridade em relação às demais formas de vida na Terra
Krenak compreende a natureza como um cosmos habitado por diversos seres, todos diferentes entre si, mas igualmente importantes, e por isso ela não está ali para servir a todos indiscriminadamente. Acho que essa reflexão é super necessária no momento em que estamos vivendo e deveria ter sido feita há muito tempo. Apesar de ser pequeno, é um livro muito bacana. Quando terminei a leitura, não conseguia deixar de refletir sobre o assunto.
Na pós graduação
Já na pós-graduação, um livro que me influenciou diretamente na pesquisa é o Manual de Inteligência Artificial no Direito Brasileiro, de Fernanda de Carvalho Lage. Ela é uma pesquisadora da área e acho que esse livro foi uma inspiração, pois, assim como tentei fazer com meu trabalho, busca tornar acessíveis os conceitos sobre inteligência artificial e sua relação com o universo jurídico. Ele trata de forma clara e de fácil leitura, apesar de abordar especificamente o universo jurídico e sistemas de inteligência artificial.
Leituras para o futuro
Para organizar minhas leituras, elaborei uma lista de indicações do que quero ler no futuro próximo. Em primeiro lugar está Vozes de Chernobyl, da jornalista bielorrussa Svetlana Aleksiévitch pois ele é muito recomendado na internet. Também tenho vontade de ler O caminho de casa, da escritora ganesa Yaa Giasi.
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